domingo, 17 de abril de 2011

Uma Visão Geral Sobre o Aikido

Alguns dias atrás, me foi solicitado um texto que fizesse um apanhado rápido sobre o Aikido para uma matéria que fala sobre as artes marciais e será publicada no jornal da AABB Porto Alegre.
A partir de leituras que tenho realizado e, principalmente através da vivência que tive ao longo desses poucos anos de prática, escrevi o texto que segue.
Domo arigato gozaimashita


Uma Visão Geral Sobre o Aikido 
O Aikido (AI = harmonia, KI = energia, DO = caminho) é uma arte marcial japonesa moderna, derivada de artes milenares. Antes de tudo, é um Budo (BU=guerreiro, DO = caminho), ou seja, um modo de aperfeiçoar o ser humano tanto corporalmente, através de técnicas de combate e condicionamento físico, quanto espiritualmente e mentalmente, através de práticas que transformam de forma positiva as pessoas para que elas ajam de forma construtiva dentro das suas relações pessoais, profissionais e perante a sociedade.
Toda a arte marcial que possui o ideograma japonês “DO” possui uma carga de ensinamentos morais e espirituais, no Aikido talvez isso fique muito mais latente, pelo tipo de práticas que ele realiza.
O Aikido diferencia-se das outras artes marciais por diversos fatores, mas talvez o mais conhecido seja a ausência total de competições. O-Sensei (grande mestre) Morihei Ueshiba, quando criou o Aikido, visualizava que as competições traziam muito mais malefícios do que benefícios para a sociedade do pós-Segunda Guerra Mundial. Para aqueles que perdem, fica a sensação de que não são capazes, que são menores que os outros, para aqueles que vencem, existe um sentimento de superioridade e arrogância, inflando os egos e gerando violência. Ao mesmo tempo, para competições, existiria a necessidade de adaptar muitas técnicas e criar regras, modificando a essência da arte e desvirtuando seu objetivo.
As técnicas contidas no Aikido podem ser divididas em 3 grupos: katame-waza (técnicas de imobilização), nage-waza (técnicas de projeção) e nage-katame-waza (técnicas de projeção com imobilização), que podem ser executadas em hanmi-handachi (uke ataca de pé e nage em seiza), swari waza (técnicas de solo, de joelhos) ou em tachi waza (técnicas em pé), assim como em buki-waza (técnicas de desarme de armas como espada, bastão e facas).
Diferenciando-se de outras artes, no Aikido não existe bloqueio dos ataques, a ideia é sempre deixar a agressão passar e redirecioná-la de forma circular, utilizando a respiração e a energia do oponente. O-Sensei Ueshiba acreditava que treinando corporalmente essas técnicas, a pessoa introjetaria princípios positivos na sua conduta extra-tatame (por exemplo ser xingado no trânsito e não revidar, conseguir resolver uma discussão de forma positiva, sem utilizar de violência verbal).
É uma arte que pode ser praticada por todos, pois não possui limitação de idade, divisão por sexo ou peso. A ideia é que a técnica deve ser aplicada com eficiência por qualquer pessoa, frente a qualquer oponente (ou vários), independente da desproporção física. Além disso, são trabalhados princípios como ukemis (quedas) e tai sabakis (base) que são muito úteis (além da prática no tatame) em situações de acidentes no dia-a-dia.
Também é utilizado pelas principais forças policiais do mundo como método de treinamento para abordagens policiais, imobilizações e defesa pessoal, justamente porque permite que exista a resolução de uma situação de violência sem necessitar lesar de fato o oponente (embora em último caso isso seja possível), indo ao encontro dos princípios atuais do respeito aos Direitos Humanos.
Cada pessoa treina da forma que se sentir melhor, sempre buscando a auto-superação através do shugyo (sofrimento que faz crescer), pois a competição do Aikido se dá dentro de cada um, para ser cada dia melhor, em relação a si mesmo e não em comparação com o outro.
A prática dessa arte melhora a capacidade cardiorrespiratória, a flexibilidade das articulações e músculos, a noção de espaço, o aumento da percepção de possíveis focos de riscos no cotidiano, a possibilidade de utilizar o mínimo de energia e força para resolver uma situação de agressão (quando não há outra forma de resolução), além de melhorar o humor, a auto-estima e a saúde de modo geral, pois trabalha com fluxos de energia (ki) através de suas técnicas. 

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